Políticos mais ricos do Brasil: Repórter da Revista Carta Capital chama lista de Forbes de "mico"

4023 Jornal O Avaré 07/02/2014 08:26:50

 

Políticos mais ricos do Brasil: Repórter da Revista Carta Capital chama lista de Forbes de "mico"

 

Divulgada nesta semana, uma lista que fala sobre os políticos mais ricos do Brasil, feita pela Forbes, revista norte-americana conhecida por seus rankings, foi considerada incorreta pelo repórter da Carta Capital. Em texto de Piero Locatelli, ele diz que o levantamento se trata de "mico". "Diversos veículos brasileiros noticiaram nesta semana o ranking feito pelo site da revista norte-americana. Mas a reportagem não traz nenhuma novidade, e seus dados estão incorretos", disse.

 

 

Forbes publicou ranking nesta semana (Imagem: Reprodução)De acordo com o jornalista, diante da "aparente credibilidade" da revista,  R7, Terra, Exame, iG, Istoé, Folha e outros reproduziram a informação. Mas, segundo ele, a fonte usada para a matéria traz dados desatualizados. "As declarações feitas pelos políticos ao se candidatarem, posteriormente, foram traduzidos para o português e acolhidos no Brasil como se fossem inéditas".

 

 

"Apesar da reportagem não se sustentar minimamente, ela repercutiu muito no Brasil, em um claro exemplo da percepção do jornalismo brasileiro de que 'o que vem de fora é melhor'. Outras diversas matérias feitas sobre o assunto dentro do país nos últimos anos, de qualidade muito maior, não tiveram a mesma repercussão", explicou o repórter.

 

 

Sobre o caso, o jornalista da Forbes responsável pelo ranking, Anderson Antunes, disse que fez extensa checagem para saber quais políticos possuem os maiores patrimônios.

 

Veja, abaixo, a íntegra do posicionamento de Antunes

De fato os dados divulgados pelo TSE serviram como base e fonte de pesquisa para o trabalho de estimativa dos patrimônios dos políticos listados. No entanto, os dados do TSE não foram os únicos analisados e, como você mesmo aponta em seu texto, estão desatualizados. Existem casos de políticos que declararam em 2012 ao TSE patrimônios que supostamente os garantiria um lugar em nossa lista, mas cujas empresas encontram-se no momento em processos de recuperação judicial. Outros doaram suas respectivas participações para familiares. Em ambos os casos, os dados do TSE serviram como ponto de partida para a compilação da lista, mas houve -- como sempre há -- o trabalho de checagem sobre os bens de todos os candidatos com os maiores patrimônios apresentados ao TSE em 2010 e 2012. A realidade financeira de alguns destes mudou nos últimos anos, e não mais reflete os dados do TSE mais atuais (referentes às eleições de 2012). Isso foi checado por mim pessoalmente com todos os políticos ou seus representantes.

 

 

A lista da FORBES considerou os políticos que ocupam cargos oficiais e que possuem participações em empresas públicas (listadas em bolsa) ou privadas, e cujas participações estejam descriminadas em documentos oficiais de órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários e a ANEEL. É possível que existam políticos com patrimônios maiores do que os declarados ao TSE, mas cujos registros de tais patrimônios encontram-se no nome de terceiros. A Forbes considera apenas aqueles cujos nomes aparecem em estruturas acionárias de companhias públicas ou privadas.

 

 

Como você deve saber, a lei brasileira permite que os bens declarados oficialmente não tenham seus valores reais refletidos em declarações. Há casos em que alguns bens são superfaturados (como a Kombi de R$ 199 milhões que você menciona) e casos de bens com valores inferiores aos reais. A Forbes considera apenas os valores reais de mercado.

 

 

Eu posso lhe garantir que fiz uma extensa checagem para saber quais os políticos possuem os maiores patrimônios legalmente declarados, e mais próximos da realidade, e o resultado é a lista que nós publicamos. Assim como em qualquer país do mundo, existem políticos que usam terceiros para declarar seus bens ou, em alguns casos, nem sequer os declaram. Nós entendemos que a investigação sobre esse tipo de atitude é do interesse das autoridades que se considerarem lesadas por tais práticas. Não podemos atribuir a ninguém bens que não estejam oficialmente declarados.

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