Ajax: CPFL cortará energia à tarde

Empresa de baterias poderá ter de demitir 1.100 funcionários caso fique sem luz; consultor Luiz Antônio Campos diz que concessionária já deu ultimato

Em processo de recuperação judicial, conforme o JC mostrou ontem, a empresa Ajax está sendo obrigada a quitar uma multa de R$ 330 mil imposta pela CPFL, que pode suspender o fornecimento de energia elétrica à empresa bauruense do ramo de baterias. Isso pode provocar a paralisação de suas atividades e até a demissão de 1.100 funcionários. A concessionária deu ultimato para quitação do imposto até as 10h de hoje.

A exemplo de outras empresas de médio e grande porte, a Ajax comprava energia elétrica com preço mais barato, através de uma Câmara de Compra de Energia, no mercado livre, sem passar pelas concessionárias (no caso de Bauru, a CPFL). Porém, após contrair débitos junto a este grupo de compra, a Ajax conseguiu, através de liminar, voltar a adquirir energia da concessionária, porém, pagando os valores de mercado, que são quase o triplo. Questionada pelo JC desde a última sexta-feira à noite, quando a Ajax novamente foi notificada sobre o corte de energia, a CPFL só se pronunciou ontem, através de seu consultor de negócios em Bauru, Luiz Antônio de Campos. “Fizemos uma reunião após apelo da Câmara, na semana passada, e o presidente da CPFL nos autorizou a religar a energia (um outro corte já havia ocorrido por falta de pagamento). O que foi combinado na reunião é que até sexta-feira passada a Ajax pagaria pelo menos uma parcela das duas que estão em atraso conosco, porém, isso não ocorreu”, disse Campos.

Ele cita ainda que a CPFL não tem autonomia para deixar de cortar a eletricidade da Ajax. “Se fizermos isso, esse custo acabará indo para o sistema, e todos os outros consumidores residenciais, comerciais e industriais acabarão pagando de alguma forma a conta. É uma questão de isonomia. E é uma determinação da Aneel (agência reguladora do setor), a CPFL não pode deixar de fazer o corte, pois prejudicaria todos os demais consumidores”, explica. As parcelas em atraso são de R$ 1,5 e R$ 1,8 milhão, isso apenas com a CPFL. “Eles entraram em débito com a Câmara de Compra de Energia, e por isso tiveram de recorrer à CPFL. E não adianta parcelarmos mais vezes, pois é uma despesa que a empresa terá todo mês”.

O dirigente da concessionária disse que a CPFL vai esperar até por volta de 10h para que a Ajax pague uma das parcelas. Caso não ocorra, a energia será cortada no começo da tarde. Após a matéria de ontem do JC, o deputado estadual Pedro Tobias (PSDB) disse que vai levar o assunto à tribuna da Assembleia Legislativa e à Comissão de Fiscalização da Casa, para tentar ajudar a sanar a situação. O deputado federal Arnaldo Jardim (PPS) colocou-se à disposição para dialogar com as partes envolvidas e tentar chegar a uma solução.