Contas extras de janeiro custam até metade do orçamento familiar

2049 Jornal O Avaré 12/01/2015 11:01:53

Despesas com IPTU, IPVA e material escolar dos filhos podem desequilibrar as finanças daqueles que não se programaram antecipadamente

 

 

A cada início de ano, a capacidade de planejamento financeiro das famílias é posta à prova. Contas extras como o pagamento de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e aquisição de material escolar dos filhos podem consumir até metade do orçamento mensal, segundo cálculos de especialistas.

São valores que podem desequilibrar as finanças de quem não se programou antecipadamente para este momento. “Todas estas despesas são esperadas porque se repetem. Portanto, é possível se planejar para evitar transtornos”, pondera o educador financeiro Silvio Bianchi.

Ele explica que o ideal é que as famílias pudessem poupar pequenas quantias ao longo do ano para ter uma reserva suficiente com o objetivo de quitar todos os débitos habituais dos primeiros meses do calendário. Desta forma, torna-se possível pagar os valores à vista, o que permite aproveitar descontos tanto de tributos quanto em relação à compra de material escolar.

Para quem não se planejou, outra saída é cortar supérfluos nos meses que antecedem ou mesmo no período de pagamento das despesas. É a escolha feita pela assistente administrativa Keila Lorenço, 36 anos, que gasta cerca de R$ 3 mil para pagar IPVA, IPTU e o material escolar dos filhos Vitor, 10 anos, e Maria Eduarda, 4 anos.

Com este pequeno ajuste, ela diz que consegue quitar todos os débitos à vista e aproveitar os descontos possíveis. “Uso o 13.º salário para antecipar o pagamento da matrícula das crianças no fim do ano e o que recebo das minhas férias, em janeiro, para pagar os impostos e o material escolar. Com um pouco de controle sobre os demais gastos, dá para pagar tudo sem sufoco”, ensina.

Suaves prestações

Já o casal Juliana Nascimento Ezidério, 27 anos, marido Marcelo Rodrigo da Silva, 31 anos, prefere parcelar parte dos débitos, inclusive os cerca de R$ 400,00 desembolsados para comprar os materiais escolares da filha Ana Lívia, 5 anos. “Isso porque optamos por levar itens que estejam mais em conta. Deixamos uma coisa ou outra para ela escolher, porque acaba sendo um ritual da volta às aulas, que ela gosta de participar”, comenta o pai.

Mas o 13.º salário de Marcelo foi reservado para antecipar o pagamento da taxa de matrícula e as duas primeiras mensalidades da escola de Ana Lívia, assim como o valor integral do IPVA. “Se houver o mínimo de planejamento, não há necessidade de muito sacrifício”, opina Juliana.

Se pago à vista em janeiro, o contribuinte recebe desconto de 3% sobre o imposto. O tributo pode, ainda, ser quitado em fevereiro, à vista, sem desconto; ou em três parcelas, de janeiro a março.

Já o IPTU garante uma folga de alguns meses ao orçamento, porque começa a ser cobrado somente em abril. A medida é adotada há quatro anos pela prefeitura, como forma de reduzir os índices de inadimplência. Assim como ocorre com o IPVA, o IPTU pode ser parcelado, mas há oferta de desconto se quitado à vista.


Especialista ensina ‘faxina financeira’

O educador financeiro Silvio Bianchi ensina que, para manter as finanças equilibradas, as famílias devem realizar o que ele chama de “faxina financeira”. O primeiro passo é identificar o valor do ganho líquido familiar e listar como a receita está sendo gasta.

A segunda etapa é determinar um sonho (que pode ser quitar à vista as despesas de início de ano). Em seguida, é preciso detalhar quanto ele custa, quando deve ser alcançado e qual o valor necessário a ser poupado por mês para atingi-lo. “Esta quantia deverá ser descontada do ganho líquido. Desta forma, surge o terceiro passo: adequar despesas a esta nova receita, reduzida”.

Para quem não se programou, Bianchi explica que a melhor opção é cortar, de maneira mais drástica, o consumo de supérfluos. Se, mesmo assim, não for possível quitar as contas à vista, deve-se optar pelo parcelamento. “Somente em uma situação extrema a pessoa deve fazer empréstimo. Neste caso, a melhor saída é o crédito consignado (empréstimo com desconto em folha) ou o crédito pessoal, que possuem taxas de juros menores”, orienta, alertando para que o consumidor jamais recorra ao limite do cheque especial ou pague somente a parcela mínima do cartão de crédito.


Material escolar

Para economizar na compra do material escolar, o Procon orienta reaproveitar o que for possível dos itens que restaram do período letivo anterior. A segunda dica é pesquisar, já que os preços de um mesmo produto podem variar até 278%, conforme pesquisa realizada pelo Núcleo Regional da Fundação Procon em Bauru no ano passado.

Outra recomendação é reunir grupos de pais para fazer as aquisições em atacados ou mesmo obter descontos para grandes quantidades. Ao antecipar as compras, o consumidor também consegue encontrar maior variedade de mercadorias – e, consequentemente, de preços –, além de produtos de coleções do ano passado que podem estar em oferta.

Para gastar menos, recomenda-se, ainda, evitar levar os filhos às lojas. Mas, se a ideia é incluí-los no processo para estimular a volta às aulas, vale negociar com eles antes de sair de casa.

O Procon também alerta que, por força de lei, as instituições de ensino não podem exigir qualquer material de uso coletivo: higiene e limpeza ou taxas para suprir despesas com água, luz e telefone, por exemplo. A escola também não pode obrigar os pais a comprarem material no próprio estabelecimento, nem determinar marcas e locais de compra. A exceção fica por conta das apostilas produzidas pelas próprias instituições como material didático.

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