Cooperativas em crise na região têm abandono de coletores e baixa coleta

2246 Jornal O Avaré 12/02/2015 08:38:41

Coleta de Avaré (SP) só atende seis dos 80 bairros do município.
Presidente da unidade de Itapeva (SP) reclama da falta de estrutura.

 

 

Cooperativas em crise na região de Itapetininga (SP) têm sofrido de abandono de coletores até baixa coleta de materiais recicláveis nas cidades de Avaré (SP), Itapeva (SP) e São Miguel Arcanjo (SP). A TV TEM esteve nestas localidades e flagrou os problemas.

Em Itapeva

No município, a coleta seletiva é feita por duas cooperativas, contudo, apenas parte da cidade tem sido atendida. Todo mês são recolhidas 80 toneladas de materiais recicláveis.

O presidente de uma das cooperativas, Fábio de Souza, ressalta que não há estrutura para que a coleta seja feita em todo o município. Segundo ele, falta apoio. “Por conta da falta de estrutura, nossa cooperativa só consegue atender 15 bairros de Itapeva”, explica.

Já o morador Vanderlei Geraldo da Cruz crê que parte da população também não contribui como deveria. Ele condena a falta de bom senso em não separar os diferentes resíduos. “É o cúmulo jogar tudo no lixo comum”, diz.

A Prefeitura de Itapeva informou que a reclamação feita por umas da cooperativas não procede tendo em vista que o município custeia o aluguel de um imóvel localizado na Vila Camargo para depósito de material, bem como disponibiliza, sem custo algum, outro imóvel com a mesma finalidade.

Em São Miguel Arcanjo
Devido à ausência de funcionários para trabalhar na coleta seletiva, os materiais recicláveis não são separados e vendidos em São Miguel Arcanjo. A cooperativa que já chegou a receber 32 toneladas de materiais recicláveis por mês, agora coleta no máximo 15. Somente nove funcionários e o motorista, contratado pela prefeitura, estão trabalhando.

Para José Carlos Moises, presidente da cooperativa de reciclagem da cidade, parte dos problemas seria resolvido se houvesse uma ação conjunta com os trabalhadores. “Um plano de remuneração com os cooperados resolveria parte dos problemas”, sugere.

Técnica do Centro de Estudos e Apoio do Desenvolvimento, Emprego e Cidadania, Meirielen da Silva conta que as condições de trabalho no local não são as ideais. “O galpão está em condições precárias”, destaca.

A prefeitura de São Miguel Arcanjo explicou que as secretarias de Obras e Meio Ambiente estão trabalhando em um processo jurídico pra formalizar um convênio que possa atender às necessidades da cooperativa. O objetivo deste convênio é obedecer as leis ambientais. A prefeitura não informou um prazo para que o convênio saia do papel.

Em Avaré
A Associação de Catadores da cidade só consegue atender seis dos 80 bairros situados no município. A coleta é feita apenas nas vilas próximas à sede do órgão.

Mauro Aparecido de Carvalho, presidente da associação, acredita que falta tempo e isso atrapalha o serviço. “O carrinho (da coleta) é pesado, até voltar já deu o horário.”

Catadora de material reciclável, Fátima da Silva acha que a principal dificuldade na coleta é que muitos moradores não separam os resíduos. “Tem que abrir o saco para separar o lixo”, revela.

Porém, como o autônomo Luís Alberto Santana, muita gente acaba não sendo atendida. “Moro em um bairro residencial e os catadores não passam lá”, alerta. Na cidade, 20 toneladas de material reciclável são recolhidas por mês. O papelão é o principal resíduo, respondendo por 60% do total, segundo a reportagem da TV TEM.

A prefeitura de Avaré foi questionada sobre as reclamações, mas até o momento desta publicação não houve respostas.

Explicação de especialista
O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Orgem dos Advogados do Brasil (OAB) de Itapetininga, Paulo Hungria Neto, afirma que, por lei, as prefeituras têm obrigação de traçarem meta para o destino correto do lixo.

“De fato existe uma lei criada em 2010, que é o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Essa lei estabelece alguns instrumentos de trabalho para gerenciamento do resíduo sólido. Isso começa na esfera federal e vai se afunilando pelo estadual e municipal. O município tem a obrigação de fazer um plano municipal de gerenciamento desse resíduo. A primeira coisa é fazer uma gestão integrada, que é um levantamento de como está a situação do resíduo solido na cidade. A partir desse diagnóstico estabelecer as ações em parceria com a cooperativa.”

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