Governo adia para março o anúncio de corte nos gastos do Orçamento

Como o governo pode fazer o corte depois de analisar desempenho
da receitas e despesas do primeiro bimestre, deixou para março.

O adiamento do anúncio de quanto o governo pensava em cortar nos gastos foi imediatamente interpretado como admissão de que as autoridades não consideram possível sequer cumprir a tímida meta de economia que o próprio governo tinha aprovado há menos de seis meses.

Cortar gastos o governo não pode ou não quer ou não consegue ou tudo isso junto e arrecadar com mais impostos também está difícil.

Em uma das reuniões no Palácio do Planalto o ministro Nelson Barbosa falou sobre a arrecadação, agora do começo do ano, e, segundo fontes do governo, os cenários que ele mostrou foram muito ruins.

Como, legalmente, o governo pode fazer o corte depois de analisar o desempenho de receitas e despesas do primeiro bimestre, deixou para março. Mas, na sexta (12), será publicado um decreto que, de acordo com auxiliares da presidente, vai restringir um pouco mais os gastos até o fim de março.

Já tinha uma norma de janeiro. Se ela fosse mantida, até o fim de março os gastos dos ministérios poderiam chegar a 25% do previsto para o ano inteiro. Com a mudança, os gastos nesse período devem ficar limitados a cerca de 17%.

Reservadamente, integrantes do governo já admitem que não será possível manter o superávit previsto de 0,5% do PIB, mas no Congresso já tem quem fale disso abertamente.

"Eu acho que qualquer contingenciamento para tentar fazer um superávit a essa altura, com o comportamento dos gastos públicos e da receita, é algo muito difícil de ocorrer. Eu acho que o governo não pode falar uma coisa e acontecer outra coisa pior porque foi isso que acabou com a credibilidade do governo", diz o senador Romero Jucá (PMDB/RR).

Quanto a valores do corte no Orçamento, que sai mês que vem, há projeções de todos os tipos, de R$ 20 bilhões a 50 bilhões, mas o que se diz no governo é que isso ainda não foi fechado.