Vi seu último suspiro, diz mãe que testemunhou marido matar o filho

4114 Jornal O Avaré 10/08/2016 00:30:27

A mãe do jovem Thiago Haruo Hoshina, que foi morto a facadas pelo padrasto durante uma briga familiar no dia 2 de agosto, em Avaré (SP), afirmou em entrevista ao G1 que tenta superar a dor de perder um filho de forma brutal e dentro de casa. Segundo a polícia, o rapaz foi até a casa da mãe para defendê-la durante uma briga com o padrasto, de 40 anos. Contudo, durante a discussão ele foi esfaqueado e morreu no local. O homem se entregou à polícia no dia seguinte, confessou o crime e alegou legítima defesa.

 


“Vi ele enfiando a faca na barriga do meu filho. É uma dor muito grande e uma cena que não desejo para ninguém. Vi o último suspiro do meu filho. Ele deitado no quintal de casa e com muito sangue no chão. Eu gritava por socorro, tremia e chorava. Foi desesperador. Uma vizinha veio e pedi que ela pegasse o carro, porque a emergência iria demorar. Depois quando olhei para o meu marido, ele olhou para mim e saiu rindo com aquela cara de assassino. Ele tirou tudo de mim. Meu filho era meu mundo”, afirma Elisete Barbosa de Lima, de 59 anos.

 


Segundo a dona de casa, após a morte do filho, que era casado e tinha um filho de 3 anos, ela preferiu ir para a casa da irmã, que mora em São Paulo. Com o marido preso e após uma semana da morte de Thiago, ela pede que a justiça seja feita.

 


“Que ele fique preso porque ele tirou tudo de mim. Tenho muita fé em Deus e sei que meu filho foi bem recebido no céu, porque me salvou da morte. Ele veio com as mãos limpas e me defendeu. Mesmo com o coração estraçalhado estou tendo forças para continuar”, diz.

 

 


Relacionamento conturbado

 


De acordo com Elisete, ela e o marido estavam juntos há sete anos e a convivência entre os dois era boa até 2015 quando, conforme ela, descobriu uma traição do marido, que é caminhoneiro. “Brigamos muito na época, pedi que ele saísse de casa, mas ele falou que não aconteceria novamente e ficamos juntos”, conta.

 

Contudo, segundo ela, este ano ele começou a beber e a agredi-la com socos. “Ele começou a beber e desconfio que também começou a usar drogas com alguns amigos. No dia da tragédia, ele saiu com um amigo antes do almoço e só voltou à tarde, sem dar satisfação. Quando perguntei para ele onde estava, foi mal educado e falou que não interessava saber, porque da vida dele era ele quem cuidava. Começamos a discutir, porque há tempos ele vinha me respondendo assim e até me batendo, só que não contei aos meus filhos porque achei que as coisas iriam melhorar. Mas hoje me arrependo”, conta.

 

 

 

Homicídio
 

 

O crime aconteceu no dia 2 de agosto, na Vila Martins 2. Segundo Elisabete, durante a discussão o marido a agrediu com socos e chutes. “Ele pegou uma marreta e foi quebrando a casa inteira. Me deu socos no rosto, chutes e eu gritei por socorro. Os vizinhos ouviram e ligaram para o Thiago. Quando ele chegou e apertou o interfone insisti para que ele fosse embora, mas ele entrou ao ver que estava sangrando”, diz ela.

 

Ainda segundo a mãe, o filho tentou conversar com o padrasto. “Eu fiquei ao lado da porta a alguns metros dos dois. O Thiago pegou no ombro dele e falou ‘vamos conversar, ‘você tem que ir embora’ e ‘já não está dando mais certo’. E ele respondeu ‘não encosta em mim, não encosta em mim’. Até que empurrou meu filho, tirou a faca presa atrás na calça e o esfaqueou”, afirma.

 

 

 

Prisão
 

 

Depois da briga entre o casal e a morte do rapaz, o suspeito fugiu do local. No dia seguinte ao homicídio, em 3 de julho, o padrasto se entregou à polícia. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Osmar Filho, o padrasto alegou que entrou em luta corporal com o jovem e, durante a discussão, o esfaqueou.
"Ele veio até a delegacia acompanhado de um advogado. Em depoimento, alegou que foi agredido pela vítima e que acabou o esfaqueando por legítima defesa. Indagamos sobre a faca e ele disse que jogou fora", afirma.

 

 

Ainda segundo o delegado, a prisão temporária de 30 dias foi expedida pela Justiça. "O boletim de ocorrência foi registrado como homicídio. Ele será recolhido para a cadeia pública de Piraju (SP) até o inquérito policial ser concluído", afirma.

 

 

 

Fonte: Jornal A Estância.

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