Unesp tem denúncia de evento racista, mas organizadores negam que fizeram referência à seita

3567 Jornal O Avaré 31/03/2015 08:00:48

Universidade vai apurar apologia a Ku Klux Klan em trote da faculdade de medicina

 

Estudantes de Medicina da Universidade Paulista (Unesp) de Botucatu (100 quilômetros de Bauru) denunciaram nas redes sociais o uso de fantasias semelhantes ao do grupo racista norte-americano Ku Klux Klan (KKK), em uma festa de calouros. Os organizadores do evento negam que os adereços fizessem referência à seita. A Unesp informa que vai instaurar uma comissão para apurar o episódio.


O evento, que ocorreu no dia 5 de março, foi mais uma das recepções de calouros organizadas por estudantes do sexto ano, realizada em uma área externa à universidade, no município. Segundo alunos, a atividade é uma espécie de “batizado” dos novos alunos, que a cada ano ocorre cm uma fantasia diferente.

O conflito ocorreu porque o “uniforme” usado pelos estudantes neste ano, capas, gorros e tochas nas mãos, era parecido ao da organização racista KKK, que surgiu no início do século XX nos Estados Unidos e defendia a supremacia branca. Apesar de a roupa ser preta - diferentemente das casas da KKK, que eram brancas -, alguns estudantes se sentiram ofendidos e postaram imagens nas redes sociais. Os veteranos, no entanto, dizem a ideia era a representação de “carrascos”.

“Com a morte de centenas de milhares de pessoas não se brinca. O racismo não é brincadeira”, disse a página “Opressão na Medicina”, no Facebook, que reúne relatos de diversas universidades do País. A página compartilhou fotos do evento ao lado de uma das imagens do KKK, com um símbolo  nazista. “Eles utilizam disso para aterrorizar os bixos e depois amenizar a ‘brincadeira’. Não se usa uma referência histórica como essa para uma ‘brincadeira’”, relatou uma estudante do curso que pediu para não ser identificada.

Com a repercussão do caso, os veteranos prometeram com a diretoria da unidade ontem a relatarem sua versão no episódio. “A conclusão de que estávamos fantasiados de Ku Klux Klan foi inferida pela forma como foram divulgadas as imagens, descontextualizando totalmente a fantasia e inserindo imagens que fizessem com que os leitores chegassem a essa conclusão”, informou, em nota, a 48ª Turma da Faculdade de Medicina de Botucatu.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada pela Assembleia Legislativa para apurar casos de violação de direitos humanos nas universidades chegou a ouvir relatos da Unesp Botucatu no início deste mês. A comissão, que já encerrou seus trabalhos, ouviu relatos de um estudante de Medicina que disse ter sido agredido fisicamente e obrigado a beber em uma festa realizada em chácara alugada. Alunas de biologia também prestaram depoimento à CPI e disseram que os calouros eram obrigados a ficar ajoelhados, buscar bebidas para veteranos, além de sofrer assédio sexual.

OUTRAS NOTÍCIAS

veja também